Segundo a teoria do Professor Rui Chamone Jorge, a Terapia Ocupacional “é um método de prevenção, tratamento, cura e reabilitação que aproxima o ajudador do ajudado através de atividades livres e criativas, sendo um método crítico laborativo das relações humanas, portanto, modo psicoterapêutico.” (1)

Através das ocupações, o paciente terá a oportunidade de adquirir conhecimento de si e do mundo, uma vez que ele reproduzirá em seus trabalhos suas vivências pessoais, culturais, históricas e políticas.

Para que o processo terapêutico ocupacional ocorra é fundamental e obrigatória a presença de cinco elementos constantes: o material, a ferramenta, o objeto, o terapeuta e o paciente. Os três primeiros mediam a relação entre o os dois últimos.

“O material é a ‘matéria-prima’ para a construção do objeto concreto” (1). Ele representa o mundo interno e externo do paciente. Possui uma naturalidade que são suas características físicas (peso, temperatura, densidade, etc); e também uma materialidade, que é a significação que se dá ao material. Por exemplo, quando se trabalha com argila, as sensações e as ações sobre esse material serão completamente diferentes de quando se trabalha com a lã. Os sentimentos, os significados e outros conteúdos internos que esses materiais evocam também poderão ser diferentes.

“A ferramenta é um aperfeiçoamento e prolongamento do corpo… Ela aumenta a capacidade de intervenção do homem no mundo a limites indefinidos” (1). Quanto mais se vivência uma técnica, mais habilidade e controle sobre as ferramentas se têm.

O objeto não é um simples objeto qualquer. É o resultado da construção do mundo interno do paciente no mundo externo. No objeto, estão presentes seus sentimentos, desejos, pensamentos, vivências, expectativas, angústias… “Construir o objeto concreto é colocar-se diante de um espelho, é ver-se a si mesmo como outro…”(1).

Terapeuta (ajudador) e Paciente (ajudado) estabelecem uma relação terapêutica mediada pelos três elementos acima citados. O terapeuta deve propiciar um ambiente de segurança, atmosfera de calor e materiais adequados; detectar novas situações e intervir quando necessário; avaliar as necessidades de mudanças de atividades, uma vez que estas podem significar tanto progressos quanto defesas; atuar criticamente para que o trabalho realizado não se torne alienante; ser facilitador fixo da conversa do si consigo mesmo empreendida pelo paciente; buscar as possíveis ligações entre os objetos falados e realizados em busca do resgate do pensamento na obra e estimular para que o paciente consiga a concreção de sua história e seus desejos.

O paciente, homem adoecido, desvitalizado e sem ter um sentido para sua vida, seja por problemas mentais, emocionais, cognitivos, neurológicos ou físicos, busca ajuda para resgatar, mediante uma postura ativa, sua capacidade de lutar por aquilo que deseja para sua própria vida.

A proposta prático-teórica e o mecanismo de cura da Terapia Ocupacional segundo o Prof. Chamone podem ser encontrados em suas publicações.