Museu Didático de Imagens Livre Prof. Rui Chamone Jorge
Coleção: UM CASO DE AMPUTAÇÃO: negação – aceitação
Autor: Nascimento (o uso do nome foi permitido pelo paciente)
Histórico: O paciente, lavrador, analfabeto, solteiro, 41 anos, foi encaminhado ao hospital para reabilitação física, após a perda traumática do terço distal do membro inferior esquerdo (MIF) por atropelamento por um trem de ferro.
Os quadros:
1º – Nascimento desenha-se inteiro, deitado noleito com expressão de espanto. Na parte mediana do papel desenha-se de pé, inteiro, sendo mordido por uma cobra no MIE, que parece referir e substituir o trem que o atropela. Este quadro pode ser a representação da negação da perda.
2º – O paciente desenha o que objetivamente observa no hospital (as pessoas em atividades, os móveis, etc.). Colore o MIE de vermelho (sangue? Dor?), o que foi entendi por mim como início da admissão da perda.
3º – Após o início do treino de marcha pelo Fisioterapeuta, desenha a si mesmo com muletas e a parte distal do MIE em verde (Esperança? Compreesão?) o que entendi como ampliação da admissão da perda.
4º – Na parte superior do quadro desenha-se na cadeira de rodassem o pé esquerdo. Na parte mediana, quem desenha são seus colegas ajudando Nascimento a ficar de pé. Entendi esse desenho como a representação do umento da admissão da perda tanto no nível pessoal, como no social.
5º – Com a aproximação da alta, Nascimento desenha a si mesmo amputado e de muletas junto à família (parte superior). Entendi este desenho como a representação da aceitação total da perda do MIE em sua parte distal.
Busquei dar a Nascimento a oportunidade de compreender a dimensão de sua perda para com isso facilitar o treino de marcha e a adaptação à prótese. O que foi conseguido sem nenhuma intervenção verbal de minha parte, já que as ocupações são FIM-MEIO na reabilitação e suficientemente boas em si para quem fabrica algo livremente, no sentido do desenvolvimento da consciência de que algo existe, no caso, a deficiência permanente (objeto da negação do paciente) pela perda da parte distal do MIE.
(T.O. responsável: Celênia P. dos Santos)
Quadros tombados sob os números:
3166, 3167, 3168, 3169, 3170